Publicado o artigo "The search for radio emission from the exoplanetary systems 55 Cancri, upsilon Andromedae, and tau Boötis using LOFAR beam-formed observations" em que os cientistas indicam ter detectado um dos primeiros indícios de sinais de rádio emitidos por um exoplaneta. Uma equipe internacional de cientistas detectou rajadas de rádio emanando da constelação de Boötes, com o radiobservatório LOFAR (Low Frequency Array), localizado nos Países Baixos (Holanda). Conforme matéria publicada na página da Cornell University, a equipe é liderada pelo pesquisador de pós-doutorado da Cornell University, Jake D. Turner, com participação de Philippe Zarka, do Observatoire de Paris - Universidade de Paris Sciences et Lettres e também por Jean-Mathias Griessmeier da Université d'Orléans.
Para esta pesquisa, o planeta Júpiter, o gigante gasoso aqui do Sistema Solar, que é um dos mais potentes emissores de sinais de rádio, foi usado como referência. Como sabemos, Júpiter também emite sinais eletromagnéticos esporádicos na faixa de HF (High Frequency, a faixa de 3 a 30 MHz). O projeto de radioastronomia educacional/experimental do Radio JOVE (NASA), inclusive, tem um kit para observações do Sol, Via Láctea ou Júpiter, em 20,1 MHz.
Detectar sinais dessa faixa - nas frequências mais baixas que podem ser observadas da Terra - é um grande desafio. Mesmo os sinais de Júpiter, que são relativamente intensos e estão mais próximos de nós, podem ser completamente mascarados pela intensas interferências eletromagnéticas que hoje em dia poluem o espectro de rádio. As antenas têm de ser instaladas em locais remotos e, muitas vezes são necessárias filtragens para descartar as interferências locais, ou até de outras fontes, como o Sol.
Com o LOFAR, Low Band Antenna (LBA: 10-90 MHz), e os sensíveis equipamentos podem ter detectado emissões de um tipo de planeta chamado de "Júpiter quente" devido à proximidade com sua estrela e a alta temperatura que resulta da proximidade.
O pesquisadores monitoraram sistemas estelares onde já é conhecida a presença de exoplanetas. Em Tau Boötes, um sistema planetário localizado a cerca de 51 anos-luz de distância, finalmente eles encontraram indícios de emissões que são, então, comparadas às de Júpiter.
Jake Turner, astrônomo da Universidade Cornell e principal autor da nova pesquisa, disse em um comunicado: "Defendemos que há alguma emissão pelo próprio planeta. Devido à intensidade e polarização do sinal de rádio e do campo magnético do planeta, são compatíveis com as previsões teóricas" (em tradução livre de "We make the case for an emission by the planet itself. From the strength and polarization of the radio signal and the planet’s magnetic field, it is compatible with theoretical predictions").
Outra declaração interessante para o campo da radioastronomia, com os novos radiotelescópios em operação em frequências baixas, como o LOFAR, foi dada por um dos coautores do artigo, Ray Jayawardhana:
"Se confirmado por meio de observações posteriores, esta detecção de rádio abre uma nova janela para os exoplanetas, dando-nos uma nova maneira de investigar mundos alienígenas que estão a dezenas de anos-luz de distância" (em tradução livre de “If confirmed through follow-up observations, this radio detection opens up a new window on exoplanets, giving us a novel way to examine alien worlds that are tens of light-years away”).
Para saber mais: Astronomy & Astrophysicas (link para o artigo)
e Cornell Chronicle: "Cornell postdoc detects possible exoplanet radio emission".
Crédito do Vídeo: Cornell University.
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